03 outubro, 2017

REFLEXÕES DE UMA GAROTA SUICIDA

Sempre me preocupei em morrer e continuar com meu rosto sem marcas. Pensava nos métodos da morte: nada de pontes, cordas, ou me jogar na frente de um carro. 

A primeira vez que tentei suicídio, foi ingerindo vários frascos de tinta guache. Naquela ocasião, recebi uma bronca da minha avó. Como tinha 8 anos, o fato pareceu brincadeira de criança, mas naquela idade, já achava que a vida não tinha muito sentido...

Depois, aos 13 anos, o motivo foi depois de ouvir a minha mãe falar que seus filhos eram um problema na vida dela. Tomei água sanitária, detergente, mas nada aconteceu. Nem mesmo mal estar.

A terceira vez, eu já tinha 15 anos.

Me apaixonei por um garoto. Mas ele não me dava muita atenção. Então, tive a ideia de ingeri todos os remédios da minha avó: remédios para o coração, pressão entre outros; tomei todos.

Fui a escola, e, a noite, não tive nenhum sintoma.

(Foto: Pixabay)


A quarta vez, foi diante um término de relacionamento de 4 anos. Eu já era adulta e já havia passado 23 outonos.

Entrei em desespero e no meu trabalho, comprei e ingeri todos os remédios tarja preta que pude. Tive convulsões mas escapei sem sequelas.

A quinta vez, fui para uma ilha distante. Mais uma vez fiz uso de medicamento controlado. Enquanto tinha convulsões, a água cobria o meu corpo, foi quando um pescador me encontrou quase sem vida.

Num outro momento, por conta de uma traição, cortei meus pulsos e meu pescoço. Meu sobrinho me achou no quarto desmaiada. A data era 5 de outubro de 2006, dia que ele fazia aniversario.

A ultima vez, também foi em um 5 de outubro, mas de 2014. Eu estava num barco fugindo do meu ex-namorado, o mesmo que havia me traído. No impulso, me joguei no mar.

Após tantas tentativas sem sucesso e uma fala de desdém do meu então namorado, pude refletir. Ele Disse: 

-Vá agora e se mate. Vou ao seu enterro, choro dois dias e depois continuo minha vida e todos saberão que você é louca, fraca.
Daí por diante desisti de morrer. Dá muito trabalho (risos).



04 junho, 2017

O DIABO QUANDO NÃO VEM MANDA O SECRETÁRIO

Sim, o diabo existe e nem sempre cobra caro por favores. Neste caso, ele envia seus secretários. 

Para mim, o auxiliar do capeta apareceu por volta das 22h de uma segunda-feira, no Posto BR do bairro da Pituba, em Salvador. Terra de todos os santos e de anjos caídos do céu também.

Após algumas tentativas de ligar o meu carro, que apresentava  uma pane elétrica, recebi o auxílio da minha irmã e do meu cunhado. Ao tentar realizar a transferência de energia de uma bateria para outra, não tive sucesso. 

Eis que nesse momento surge, do nada, um homem alto, cerca de 1.90m, mulato e sujo de óleo, vestido com um guarda-pó de mecânico, o qual trazia no bolso superior esquerdo a marca de uma empresa de baterias. Nada mais oportuno, não é? Não!

O homem já chegou cheio de prestimosidade, se dispondo a ajudar. Eu logo desconfiei de tamanha bondade. Logo eu, nascido e criado na Península de Itapagipe, pra ser mais preciso, no "pacífico" bairro do Uruguai, e tendo convivido com bêbados, pequenos e médios traficantes e seus clientes: sacizeiros oportunistas, logo desconfiei. 

Mas, diante da situação resolvi deixar o homem nos ajudar, mesmo temeroso com o ônus a ser cobrado depois. 

Após realizar um procedimento que eu já conhecia, o homem conseguiu fazer o carro funcionar. 

E logo em seguida veio a conta: "costumo  cobrar R$ 80 por esse serviço, mas só te cobrarei R$ 40", disse o cheio de lodo.

Costumo ser justo com o labor alheio. Por isso, ainda que não tenhamos combinado preço pelo favor que virou serviço, achei merecido dar a ele R$ 20, pois o que ele fez não foi mais do que tirar a bateria do carro da minha irmã ainda em funcionamento e colocar no meu, uma vez que a minha não estava carregando através do meu alternador. 

Com a minha bateria funcionando no outro carro, o problema estava resolvido. Mas tudo isso não levou mais que 20 minutos. 

O pior era que, nem eu nem minha irmã e cunhado tínhamos sequer R$ 15, ainda mais R$ 40 como impôs o ajudante do capiroto.



Mesmo assim, fui até a loja de conveniência do Posto na esperança de conseguir sacar o dinheiro e nos livrarmos do cara, mas no local não havia caixa 24H.

Tentei explicar ao homem que tudo conseguimos arrecadar foram R$ 12. Mas ele estava irredutível e não queria receber o dinheiro; só repetia: "o valor é 40 reais! 

E essa cantilena já estava me deixando endiabrado. Mas ele continuava repetindo que o carro era nosso e que ele não tinha culpa de o veículo quebrar.

Apaziguador, meu cunhado saiu a caminhar em busca de um caixa 24H. Neste momento, minha irmã surta e pede pra ele voltar, sem sucesso. Iniciava ali a nossa baixaria em plena Avenida Manoel Dias da Silva.  

Eu já não sabia o que fazer. Foi quando minha irmã colocou os R$ 12 no chão, sob uma pedra, avisando ao filhote de cruz credo, que ainda resmungava e relutava em receber o seu pagamento.

Foi aí que entramos no carro e saímos. Ao olharmos pelo retrovisor vimos que logo após a nossa partida o cracudo correu em direção ao dinheiro.

Nesse dia, me lembrei do que disse o mestre Jackson do Pandeiro em uma das suas músicas: "eu não vou na onda nem no conto do vigário, pois o diabo quando não vem manda o secretário".
















27 maio, 2017

FOBIA POR SOLIDÃO

Quem tem pavor da solidão, por mais que tente se mostrar sereno, deixa claro o quanto a sua resiliência é falha ao demonstrar insegurança com o seu futuro no primeiro término de relacionamento. 

Apesar de essas pessoas dizerem que não têm medo de terminar suas vidas sozinhas, e que pouco se importam em ter filhos, pois eles não são certeza de companhia na velhice, são as que mais temem caminharem sozinhas nos últimos anos da sua existência. E lhe dão conselhos como se estivessem prontas; sem nada a aprender ou compartilhar, como um ser hermético, o qual traz em sua bagagem a experiência de muitas vidas, cumprindo a sua última viagem neste plano. Mas, não é nada disso. Talvez para poder ressoar sobre elas mesmas o que não praticam em suas próprias vidas. 

A maioria das pessoas acredita que ser feliz é ter um relacionamento, mas estar acompanhado não é sinônimo de felicidade. Ter um companheiro, ou necessitar da companhia de outras pessoas não garante alegria. Pessoas podem ser solitárias, apesar de estarem rodeadas de amigos. Maturidade é entender que a solidão pode ser algo positivo, mas um relacionamento vazio com certeza não é.


Estar sem uma companhia afetiva por um tempo e ter esta condição como um momento para refletir sobre a relação anterior, os motivos que levaram ao término e, quem sabe, compreender comportamentos condenáveis do ponto de vista moral da pessoa que fez parte dos seus dias, não é falta de amor próprio, pelo contrário, é a prova de o quanto você já se basta. 

Ausência de amor próprio é usar como muleta afetiva o primeiro que se conhece ao dobrar a esquina, ou numa mesa de bar. Essa fase deve ser aproveitada para conhecermos nossos limites, nos preservar e, nos dias em que a solidão for insuportável, lembrarmos de valorizar o quanto uma boa companhia nos nos transbordou, porque completo já somos. De saldo, só nos restará aprender com os erros para não falharmos novamente em um novo relacionamento que estar por vir em nossas vidas.

11 maio, 2017

A MORTE DO SOL

(Foto: Wagner Ferreira)

E lá se vai o Sol mais uma vez. E com ele, a esperança da sua volta. Seu retorno é quase certo diante da nossa pequeníssima fração de existência na Terra. A não ser pela estimativa de seu apagar, prevista para daqui a 35 mil anos, segundo cientistas. Nos seus últimos anos de vida, ele irá aumentar de tamanho, e, possivelmente, a vida na Terra deixará de existir - pelo menos como a conhecemos hoje - já que o calor aumentará consideravelmente com a sua aproximação do planeta. 

Então, pela ameaça distante da morte do Sol, celebremos o nosso Astro Rei, não somente como símbolo de energia e motivação para o começo de um novo dia, mas também pela esperança de retorno de tudo aquilo que já nos fez bem na vida!

10 maio, 2017

ENSINAMENTOS DE UMA GAROTA IMPULSIVA

Uma menina me ensinou que era preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Mais tarde, descobri que, para ela, o amanhã era muito tarde, o hoje é ontem e o ontem não interessa.

Como eu, ela se utilizava daqueles que conhecia para curar, momentaneamente, a dor e a solidão. Para isso, ingeríamos doses cavalares de remédios doces e viciantes no início mas, ao passar o efeito, tínhamos exauridas as nossas forças e minadas as nossas já baixas autoestimas, o que só nos deixava mais vazios e sós do que antes.

A via prática para preencher essa lacuna eram nossos corpos, que depois de anos de repressão, sobretudo sobre a mulher, o que antes era preservado para ser desejado e conquistado com os devidos méritos, passou a ser banalizado em nome do "amor livre", do, "meu corpo minhas regras", frase adotada pela menina impulsiva como justificativa das suas "medidas antidepressivas" .

Mas regras não são estanques. Elas são criadas por alguém, ou grupos, interessados em controlar, reprimir ou liberar determinada situação.

À medida em que as regras são claras, que todas as cartas são colocadas à mesa, sabe-se em qual jogo se está entrando, ou, no caso, relacionamento. Estar ciente dos limites impostos a cada um a fim de não se avançar muito sobre a visão de mundo do outro é um dos motivos dessa convenção.

Cada um se relaciona com quem quer e da forma que quiser. Mas, a partir que se vende um discurso falso, com o intuito de somente ser aceito pelo outro, mesmo sabendo que aquela conta será cobrada mais tarde, isso se chama, no mínimo, fraude.


A partir do momento que digo ao meu parceiro que aceito determinados comportamentos estou colocando ele a par de quem eu sou. Cabe a ele avaliar se os meus valores não ferirão os dele, e vice-versa, para que com isso se pense num futuro a dois sem surpresas desagradáveis.

Dessa forma, mesmo depois de um término de relacionamento, após muitas queixas da nossa menina doutrinadora de falta de reciprocidade do seu parceiro, afeto e companheirismo, ela sai da relação por cima, cheia de certeza que fez a coisa certa, pois seus reclames não foram atendidos.

Justo! Cabe ao perdedor reconhecer que foi negligente e não soube manter a chama da paixão acesa de uma pessoa que parecia querer tão pouco do outro.

Mas os dias seguintes mostraram que não foi bem assim. Lembra daquela imagem de donzela, adepta, em parte, de valores tradicionais que seduzem o mais seguro dos homens? Nada disso era real.

A garotinha, que se preocupava com a sua reputação e sobre o que seus pais iriam pensar dela, ao contrário do que acredita, ela subestimou a minha sagacidade ao vender a imagem que mais me agradava e não a que era real. E começa, diante de dos meus olhos, a se comportar como alguém que você não acredita que conviveu por um longo período. A ficha cai de imediato e aquele homem é tomado por um sentimento de raiva, frustração e desprezo por quem tanto admirava, mesmo sem externar a ela tal admiração.

Essa pessoa passa a se comportar como um animal que fora enjaulado há anos, privado dos seus instintos mais primitivos, e quando solto, como fera desembestada, ataca a primeira presa que lhe aparece. Não há critérios de seleção. A fome é gritante. "Foi 1 ano comendo ração, eu quero é sentir o sangue da carne escorrer entre minhas presas e o suco do prazer tomar o meu corpo trêmulo", pensa ela.

Esta mesma menina, que quis doutrinar-me ao seu modo, é expert na arte do disfarce. Sabe usar como poucos suas expressões e tem uma frieza de espantar até o mais gelado dos predadores quando aguardam por horas imóvel o momento certo de atacar a sua presa, independentemente do ambiente hostil à sua volta.

Ela se queixa de falta de amor, afeto e morte gradual do sentimento que dizia sentir por mim. OK. Eis um motivo nobre para a sua insatisfação. Afinal, todos querem amar e ser amados, cada um à sua maneira de dar e receber amor. Uns mais pegajosos, outros através de gestos ou palavras como "eu te amo meu amor", "bom dia minha vida", outrem guardando estas expressões por serem mais cautelosos, pois já foram vítimas de fraudes parecidas como a imputada a ele por essa menina.

O animal está prestes a ter um colapso nervoso. Lembremos que foi 1 ano "enjaulado", mantido, segundo ele mesmo, à dieta regrada. É urgente a tomada de atitude. Mas para isso, é preciso um plano de ação. Voltar à selva depois de tanto tempo requer adaptação. A fera ainda não está pronta para retorno imediato e pode ser alvo fácil de outros predadores. 
A besta sairá faminta, mas tem que atacar presas mais fáceis no início, de preferência, já deixadas combalidas à beira da estrada para ela se alimentar.

Liberta das grades que a aprisionavam, a fome foi saciada. Talvez não tenha sido o manjar esperado, mas satisfez a curiosidade, fez a fera-menina sair da rotina. Já a sensação de ressaca moral, esta é relativa. Se me importo com o sentimento do outro deixado para trás me colocando na mesma situação de frustração que ele se encontra devidos às minhas falsas promessas, posso sentir algum desconforto, mas se tenho autopiedade, condicionando tal ação como a paz do meu espírito selvagem, terei essa culpa diminuída.

A rotina também não foi de toda ruim. Ela fará falta à menina impetuosa. Lembranças de marcas de pés molhados do seu companheiro no tapete do banheiro ou desafios diários à sua inteligência única ficarão, cada vez mais distantes, à medida que ela recorrer a mais um novo alimento que irá, não só saciar sua fome momentânea de carinhos e afetos circunstanciais, mas protelará o seu maior medo: a solidão, que a deixa infeliz e a faz se sentir inferior, ainda que para ter isso precise se colocar numa condição de acesso fácil aos acalentadores de carentes de plantão.    

02 maio, 2017

O CORPO

Mesmo diante de tantas evidências, insistimos em ser céticos e dar esperança à vida. Evitamos repetir equívocos anteriores e formar juízos, ainda que haja despojos espalhados em cenários antes vividos pelos dois.

A cada dia após o anúncio do desaparecimento e possível morte, esta fica cada vez mais certa. Mas, ainda que a frieza das evidências dispostas dentro do contexto nos faça perder a esperança na vida, e, mais ainda, na ressurreição, seremos sempre otimistas com quem amamos. 

Diante disso, ficamos a esperar o rolar da pedra para que essa pessoa venha ao nosso encontro. Só que não foi desta vez que o milagre aconteceu. O corpo já havia sido encontrado por alguém, que àquela altura, também já o conhecia em detalhes. 


25 abril, 2017

ESPÍRITO LIVRE, ALMA APRISIONADA

Para Nietzsche, "todo homem seleto busca instintivamente seu castelo e seu recolhimento, onde ele esteja a salvo da massa, da multidão, da maioria, onde lhe seja permitido, como sua exceção, esquecer da regra." Claro que, para esta premissa, deve-se dar a ressalva no caso de o homem em questão ser impelido por um instinto ainda mais forte do que essa regra. A observação foi atentada pelo próprio filósofo em sua primeira obra da sua fase "destrutiva", Além do Bem e do Mal (1886).

Nietzsche entende que, o homem que nunca oscilou ocasionalmente "entre todas as cores da aflição", ruborizado e pálido de asco, fastio, compaixão, abatimento, isolamento, este homem não pode ser considerado de gosto superior. Nietzsche supõe, porém, que caso ele não carregue todo esse fardo e essa repugnância voluntariamente, se esquive deles, permaneça quieto e orgulhoso, escondido em seu castelo, então uma coisa é certa: ele não é feito, não é predestinado para o conhecimento. Pois se fosse, um dia, ele teria de dizer a si próprio:  "Que o diabo leve meu bom gosto! A regra é mais interessante do que a exceção - do que eu, a exceção!

Às almas vulgares, a única via para tocarem de leve naquilo que é a honestidade é a do cinismo, segundo Nietzsche. Já o homem superior, “este deve aguçar os seus ouvidos para todo o cinismo grosseiro ou refinado”, e felicitar-se a cada vez que, precisamente, diante dele, falar, desde aquele ‘sem noção’ despudorado até a mais erudita das pessoas. 

_________________________________________________________________________

Já que estou sendo tomado por Nietzsche, tentarei copiá-lo na sua forma de escrever: sairei do assunto estrito acima, mas não fugirei completamente. Estarei aqui, aprisionado em meus carmas, frustrações, traumas e idiossincrasias, por vezes munições para convicções equivocadas, por vezes salvadoras; safas!

Bem, vamos lá: 

Enquanto somos jovens, - eis aí uma inverdade absoluta, dita por uma alma velha e ranzinza, que já deve ter aportado uma centena de vezes neste mundo-vitrine de shopping center reencarnada em um corpo não mais juvenil e que evidencia, inclusive através das dores físicas, o velhinho casca grossa que há dentro de mim – (risos). 

Nietzsche diz que ainda veneramos e desprezamos sem aquela arte da nuance, que constitui o melhor ganho da vida e, como é justo, precisa-se pagar caro por ter atacado desse modo pessoas e coisas com um sim ou não. Por conta disso, talvez por ainda trazer comigo a ira, a indignação para com as injustiças, influenciado pelo falso poder que nos toma a fim de querer corrigir as mazelas do mundo, características da juventude, eu ainda pague caro pela minha sinceridade. 

Tudo está disposto para que o pior de todos os gostos, o gosto pelo incondicional, seja cruelmente enganado e abusado até que o homem aprenda a colocar alguma arte em seus sentimentos e, de preferência, ainda ousar na tentativa com o que é artificial: como fazem os verdadeiros artistas da vida. A cólera e a veneração, próprias da juventude, parecem não sossegar antes de falsear homens e coisas de tal modo que possam desafogar-se sobre eles: - a juventude já é em si algo falsificador e enganador. 

Mais tarde, quando uma alma jovem, torturada por grande número de desilusões, finalmente se volta desconfiada contra si própria, ainda ardente e selvagem, também em suas desconfianças e remorsos: como então ela se irrita, como ela se despedaça impacientemente, como ela se vinga por sua prolongada auto-obcecação, como se ela tivesse sido uma cegueira voluntária! 

Nessa transição, ela pune a si própria através da desconfiança para com o seu sentimento; tortura seu entusiasmo através da dúvida, até já sente a boa consciência como um perigo, uma autodissimulação e um cansaço da honestidade mais sutil, por assim dizer; e, sobretudo, toma partido, e partido por princípio, contra “a juventude”. - Uma década depois: e se compreende que mesmo tudo isso ainda – era juventude! (Nietzsche: Alma Livre)

A minha alma sempre foi livre, sempre quis ser, mas os labores da vida a fez tê-la contida, ou eu não estaria aqui para escrever este texto. O aprisionamento é fácil. No início, sempre haverá resistência, tentativa de fuga, mas com o tempo, você se acostuma, segue as regras e acaba esquecendo o quanto foi ou poderia ter sido livre. Cria-se uma carapaça, um tipo de armadura, que protege suas partes moles, literal e figuradamente. 

Se espera pouco do mundo e das pessoas. Inúmeras tentativas feitas, confianças foram quebradas. Mesmo assim, nossa alma livre, boa e justa, insiste em se manifestar nos momentos de brechas do seu encarceramento; dizer que ainda está ali, e ainda sonha com a sua liberdade. E isso é manifestado quando, me desconheço ao abrir concessões que não abriria na minha rotina de autoproteção, livrando-me de contratos, assinaturas, garantias, tendo como promessa somente a palavra daquele que apenas quer uma chance de provar que ainda existem pessoas boas, cada vez mais difíceis de se encontrar num mundo tão sombrio.

E esta pessoa me apareceu em meio à multidão. Ela aparentemente comum, mas avassaladoramente incomum, olhos grandes lua e sol em eclipse, tinham vida própria.

Resisti, tentei ser duro com ela, não sabendo que estava sendo ainda mais comigo. Durante esse tempo, a minha alma então aprisionada, parece ter desistido de se manifestar e se calou. Não deu ao menos seu último suspiro de esperança para que eu pudesse sair da minha armadura e amar verdadeiramente quem estava disposta a fazer o mesmo por mim. 

Continuo aprisionado. Agora não só de alma, mas de corpo e mente. Agora, a confusão toma conta de mim. Não sei quais serão os próximos passos da minha vida, ou até se haverá próximos. Estou no lodo (risos), como divertidamente ela se referiu de onde eu vim e encontrei, ainda que por hora, a fidalguia, a dúvida e o amor.



17 janeiro, 2017

MANOEL, O GUARDADOR DE AMIZADES

Em um mundo de pessoas tão competitivas, onde quase nada é feito sem se esperar algo em troca, com Manoel, um guardador de carros da região da Garibaldi, em Salvador, não é diferente.

Ele consegue amenizar uma relação comercial invasiva e com pouco ou nenhum retorno para os donos dos veículos agindo com gentileza ao abordar as pessoas que chegam para receber atendimento médico nas diversas clínicas localizadas no local.

Além de ganhar uns trocados com as gorjetas, Manoel é agraciado, todos os dias, com a ajuda de uma pequena cadela de patas e pelo curtos nas cores preta e branca e cauda enrolada. Trata-se de Pretinha, uma vira-lata que o acompanha nas abordagens. Desconfiada com os estranhos que se aproximam de Manoel, ela mantém sempre uma das orelhas em pé ao observar atenta a presteza do seu guardião ao orientar os motoristas que chegam para estacionar.

Elétrica, Pretinha sempre corre atrás das motos que passam, o que lhe dá muita sede. Mas água não é problema. A ativa cadela tem uma enorme "tigela" a seu dispor: um chafariz em frente ao Edifício Vitraux. 

Manoel ainda cuida de mais um cão, Nilris. Um idoso de idade indefinida que sofre de artrose.

23 setembro, 2015

QUANTO PIOR MELHOR

Por mais que os banqueiros continuem lucrando com a crise, o PT não tenha equilibrado as contas e resista a reduzir ministérios - medida esta que, por motivos políticos óbvios, tornaria o governo, já sem musculatura, ainda mais frágil, pois haveria de tomar cargos dados a partidos aliados forçando-os a se voltarem contra o Planalto - a presença de servidores do judiciário durante a votação dos vetos da presidente, terça-feira (22), no Congresso Nacional, a fim de pressionar a derrubada dos vetos que aumentam o salário dos servidores, por mais que seja legítimo do ponto de vista da democracia, é mesquinho e vergonhoso diante da crise instalada e da necessidade de corte de dívidas.

Em julho deste ano, foi aprovado pela Câmara e no Senado aumentos que variam de 53% a 78,56% para os servidores do Poder Judiciário. De acordo com o Ministério do Planejamento, atualmente, 117,5 mil servidores, entre ativos e inativos, serão contemplados pela proposta. 

O custo total do reajuste acumulado de 2015 a 2018 será de R$ 25,7 bilhões.
Após 2018, o custo adicional seria de R$ 10,5 bi por ano. Entre 2005 e 2008, todas as carreiras do Judiciário tiveram suas remunerações reajustadas em percentuais próximos a 60%. Ainda segundo o Ministério, entre 2009 e 2012, não houve reajuste, mas a partir da negociação salarial de 2012, as carreiras do Judiciário foram contempladas com o índice de 15,8%, pagos em três parcelas anuais, de 2013 a 2015.



Diante destes números, o grupo que representa a categoria dos servidores do judiciário nesta sessão, leva consigo a máxima do "farinha pouca meu pirão primeiro" e que dane-se o resto. Uma visão imediatista da situação, pouco diferente do que fez a oposição ao aprovar os aumentos vetados por Dilma.
Se os servidores reclamam de salário o quê dizer dos professores? Dos policiais/bombeiros, médicos e agentes de saúde? Profissões igualmente importantes, mas de impacto mais imediato no serviço à população.

Uma classe instruída como a dos servidores do Judiciário, deveria dar sua parcela de colaboração com o país e, por hora, adiar seus interesses imediatos, para que, lá na frente, com a crise superada, poder apontar o dedo e cobrar àqueles que verdadeiramente contribuíram com a quebradeira nacional.

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26 agosto, 2015

O INFANTICÍDIO INDÍGENA E A MORTE DO DEBATE NA CÂMARA

A Câmara dos Deputados nos lembrou, quarta-feira, durante uma discussão sobre o Projeto de Lei 1057/2007, que criminaliza o infanticídio cometido por algumas comunidades indígenas, o quanto é leiga quando o assunto é políticas indigenistas. 

O PL, proposto há quase 10 anos, pelo ex-deputado Henrique Afonso, é arbitrário quando passa por cima de órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai), que aplica, há décadas, políticas indigenistas que visam, entre outras ações, abolir tal prática, cada vez mais rara nas aldeias. o projeto também não leva em conta os costumes dos índios, ainda não aculturados às práticas da civilização tida como moderna, bem como o seu código penal (branco) brasileiro.

Na discussão, de um lado, os "defensores da vida", formados por bancadas cristãs (evangélicas e católicas) e de "defesa" da família, do outro, argumentos mais ponderados, feitos por blocos do PCdoB, Psol e alguns petistas que tentavam, em vão, lembrar aos pouco sabeis a problemática cultural envolvida.


Tal despreparo da maioria dos parlamentares não é surpresa, quando partimos do pressuposto que estes são o reflexo de boa parte do nosso povo, conduzidos como rebanhos de gado às urnas.

Numa democracia, antes de apontarem os dedos àqueles acusados de se "oporem à vida", a consulta aos atores envolvidos nessa questão é obrigatória. Mas, o discurso político da maioria inquisidora foi predominante naquela tarde. Neste link, um artigo do antropólogo Fernando Santos-Granero tenta explicar os motivos de tal prática, vista pelos olhos da nossa sociedade "civilizada" como primitiva.

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15 agosto, 2015

TRAIÇÃO EM PENSAMENTO

O que há de mais puro no ser humano é o pensamento (seja ele bom ou ruim). Diante deste pressuposto, uma imensa maioria de pessoas trai, ainda que não concretize a ação.

Sendo assim, não há como fugir da traição, mesmo fulgaz, como um consórcio, um dia ela lhe contemplará.

Boa parte das pessoas vivem reprimidas pelos valores impostos na nossa sociedade. Esta, que por vezes faz valer a hipocrisia via o discurso da conveniência para assim edificar sua fachada moral.



Tal sociedade, que se orgulha da sua pseudo-retidão, é a mesma que aponta com um dedo e se masturba com o outro, na avidez de conter a voracidade que lhe é inerente para assim viver travestida de senso comum.

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10 agosto, 2015

MAX EPR PROMETE NÃO SER MAIS UM ENGODO ENTRE OS ECONOMIZADORES DE COMBUSTÍVEIS

Aparelho à base e imãs realinha moléculas de combustíveis para reduzir consumo e emissão de poluentes, além de aumentar potência do veículo 

Em tempos de crise financeira ou não, o brasileiro sempre sofreu com os valores altos dos combustíveis. Por isso, em um mundo tão competitivo que vivemos, difícil acreditar em "almoço grátis", mas já imaginou economizar em média 25%, obter até 15% de ganho na potência do seu veículo e de quebra ajudar o meio ambiente?

Esta é a proposta do economizador de combustível Max EPR, desenvolvido há três anos pela empresa mineira Timol Produtos Magnéticos. O produto já circula em mais de 2 mil automóveis pelo País.

De acordo com a Timol, o MAX EPR funciona ionizando as moléculas do etanol ou gasolina por meio de imãs permanentemente orientados. O aparelho faz o controle da pressão do combustível para que ele queime 100% na câmara de detonação (em geral, o combustível não queima totalmente no motor, gerando uma borra que suja os bicos injetores causando problemas, como perda de potência, por exemplo).

Após o carro ser abastecido com etanol ou gasolina e o combustível passar pela mangueira abraçada pelos imãs do MAX EPR, o poder de combustão é ampliado, o que faz aumentar a potência do veículo, reduzindo, assim, o consumo e liberando menos poluentes na atmosfera, como monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio (NOx), presentes na exaustão. 

A instalação é simples, sem grandes modificações mecânicas
Ainda segundo a empresa, o sistema projetado mantém a pressão original estabilizada dentro da flauta, proporcionando melhor pulverização do combustível pelos bicos injetores. Isso melhora a mistura com o ar na hora da combustão, produzindo mais potência com um volume menor de combustível.



Revisões periódicas auxiliam na redução de combustível

- Cabos de velas – cabos com fuga comprometem demasiadamente o resultado.

- Velas – velas desgastadas aumentam o consumo de combustível, comprometendo a percepção da diferença do resultado com a instalação do MAX EPR.

- Bicos injetores – Faça a limpeza dos bicos injetores para que o resultado não seja comprometido.

- Sensor de temperatura e válvula termostática – é importante que estes componentes estejam em condições ideais de funcionamento para que não comprometam o resultado.


- O Escapamento também deve estar em dia. Ele pode influenciar no resultado.
- Filtro de combustível e Bomba de combustível – o mau funcionamento desses componentes pode alterar o consumo do seu veículo.

- Verifique sempre as condições do sistema de ignição e alimentação do seu veículo.

- Não abuse da velocidade. É uma questão de segurança e de economia de combustível.

Para saber qual o consumo do seu veículo, consulte a Tabela de Consumo de Combustível do Inmetro.

Saiba mais: (71) 8801-7881 / 9954-7948 (whatsapps) Compre aqui

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24 janeiro, 2015

O GATO E A ESPIRITUALIDADE

Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não topa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. 

A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento. O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode, ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós. Nada diz, não reclama. Afasta-se. 




Quem não o sabe "ler" pensa que "ele" não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir. O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluídos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. 

O gato é um monge silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas. 

O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato! Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo. 

Nietzsche, senhor da serenidade aqui em casa
O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo. Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones. Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências. 

O gato é uma chance de interiorização e sabedoria, posta pelo mistério à disposição do homem." O gato é um animal que tem muito quartzo na glândula pineal, é portanto um transmutador de energia e um animal útil para cura, pois capta a energia ruim do ambiente e transforma em energia boa, -- normalmente onde o gato deita com frequência, significa que não tem boa energia-- caso o animal comece a deitar em alguma parte de nosso corpo de forma insistente, é sinal de que aquele órgão ou membro está doente ou prestes a adoecer, pois o bicho já percebeu a energia ruim no referido órgão e então ele escolhe deitar nesta parte do corpo para limpar a energia ruim que tem ali. Observe que do mesmo jeito que o gato deita em determinado lugar, ele sai de repente, poi ele sente que já limpou a energia do local e não precisa mais dele. O amor do gato pelo dono é de desapego, pois enquanto precisa ele está por perto, quando não, ele se a afasta. 


No Egito dos faraós, o gato era adorado na figura da deusa Bastet, representada comumente com corpo de mulher e cabeça de gata. Esta bela deusa era o símbolo da luz, do calor e da energia. Era também o símbolo da lua, e acreditava-se que tinha o poder de fertilizar a terra e os homens, curar doenças e conduzir as almas dos mortos. Nesta época, os gatos eram considerados guardiões do outro mundo, e eram comuns em muitos amuletos. "O gato imortal existe, em algum mundo intermediário entre a vida e a morte, observando e esperando, passivo até o momento em que o espírito humano se torna livre. Então, e somente então, ele irá liderar a alma até seu repouso final."
 

Fonte: The Mythology Of Cats, Gerald & Loretta Hausmano.

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20 janeiro, 2015

“HOMO ERECTUS”: QUANDO UMA CIDADE DO INTERIOR DA BAHIA SOFREU COM EPIDEMIA DE PRIAPISMO

Por mais inusitadas que possam ser as descobertas resultantes da busca pelo saber científico, o médico baiano Pirajá da Silva (1873-1961), descobridor da esquistossomose no início do Século 20, não imaginava que participaria de outra descoberta, no mínimo folclórica, no sertão da Bahia.

Em 1906, o farmacêutico da cidade de Serrinha (a 158 km de Salvador), Leobino Cardoso Ribeiro, foi chamado pelo proprietário da fazenda Malhadas, Ricardo Carneiro, que ficava a três léguas do município, para tentar descobrir o porquê de tanto homens e animais terem sidos acometidos por ereções repentinas naquela localidade.

Ao fim da sua investigação, o farmacêutico concluiu que todos os moradores daquela zona rural sofriam de priapismo, doença que tem como principal sintoma a ereção permanente do pênis. O nome da moléstia vem do deus Príapo, da mitologia grega, conhecido como o deus da fertilidade. A imagem dele é representada por um homem com um pênis exageradamente grande e sempre ereto.

Príapo, deus da fertilidade

Homens que sofrem com impotência sexual ou se sintam insatisfeitos com seu desempenho na hora do sexo, podem achar estranho classificar tal condição de enfermidade. Mas as reações do priapismo podem ser bastante danosas, a exemplo da dor sentida no pênis enquanto for mantida a ereção - que dura em média 4 horas. Apesar da ausência de estímulo físico e psicológico, o órgão não retorna ao estado de flacidez e a consequência pode ser a impotência sexual definitiva.

Livro de anotações - O registro da passagem histórica foi feito pelo também médico e biógrafo de Pirajá da Silva, Edgar de Cerqueira Falcão no livro: Pirajá da Silva o Incontestável Descobridor do Schistosoma Mansoni, lançado em 2008 pelo Ministério da Saúde em homenagem ao centenário do célebre pesquisador baiano, que registrara as conclusões do farmacêutico em seu livro de anotações médicas e concluiu que;

- A origem de tal enfermidade surgiu de um tanque cuja água se servia pessoas e animais do lugar;


- As propriedades excitantes da água advinham de uns insetos semelhantes a besouros que infestaram a localidade e pousavam na superfície da água.


As provas foram evidenciadas porque somente as pessoas e até o próprio gado, que se servia da água maravilhosa, após sofrer do mal, não mais procurou o tanque.


O Fim da epidemia veio com a seca do tanque e, consequentemente, o desaparecimento dos insetos. Com isso, por terem deixado de fazer uso da água, não houve mais relatos da moléstia.


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13 dezembro, 2014

SHOW DE ROCK ARRECADA DOAÇÕES PARA CRIANÇAS COM HIV

Evento reúne as bandas Circo de Marvin, Os Informais e Ex-29

Fortalecer o Rock baiano com ação social é o objetivo do projeto Rock Solidário, que visa arrecadar alimentos para crianças portadoras do HIV durante um show beneficente realizado domingo (14) às 17h, no Largo Tereza Batista, Pelourinho.

Organizado pelo grupo Coletivo Cultural Rock Difusão, o projeto chega a sua 2ª edição com a participação das bandas Circo de Marvin, Os Informais e Ex-29.

Para curtir o som, basta levar 2 kg de alimentos não perecíveis ou doar R$ 5. A expectativa é de arrecadar 1 tonelada de alimentos e superar a edição anterior.
Todas as doações serão repassadas integralmente à Instituição Beneficente Conceição Macedo (IBCM) creche escola, que cuida de crianças portadoras do vírus. 




O projeto também pretende ser uma importante ferramenta para fomentar o intercambio de produtores, técnicos, agentes culturais, músicos e musicistas com o público em geral. Além de despertar a importância do exercício da solidariedade. 

Onde? Largo Tereza Batista, Pelourinho.
Quando? 14 de dezembro de 2014 (domingo)
Quem? Circo de Marvin, Os Informais e Ex-29.
Horário? 17h
Entrada: Mediante a doação de 2 Kg de alimentos não perecíveis ou R$ 5,00 que serão utilizados na compra de leite em pó.


Contatos;
Diego Aires
(71) 9110-8015
/ coletivorockdifusao@gmail.com

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13 outubro, 2013

PARQUE TECNOLÓGICO ABRIGARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA EM ENERGIA E CAMPOS MADUROS

Centro terá cinco andares com 15 laboratórios, cinco núcleos e mais de 15 grupos de pesquisa 

Até a entrega da segunda parte do Parque Tecnológico da Bahia - prevista para dezembro de 2014 - muitos empreendimentos ainda devem chegar ao local. Um dos maiores é o Centro de Tecnologia em Energia e Campos Maduros, parceria entre a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Petrobras. O Centro irá ocupar uma área de 5,8 mil metros quadrados onde será construído um prédio com cinco andares. Na área, estarão distribuídos 15 laboratórios para atender a cinco núcleos e mais de 15 grupos de pesquisa. 

Nas futuras instalações do Centro estão previstos os Núcleos de Recuperação Especial de Petróleo (Nuresp), de Ensaios Orgânicos e Inorgânicos (Neoi), de Simulação, de Facilidades Administrativas e de Metrologia (com a participação do Instituto Baiano de Metrologia e Qualidade - Ibametro) e um Núcleo de Simulação, além de dois laboratórios de preparação de amostra petrofísica. 

A obra está sendo executada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti) e tem orçamento de R$ 25 milhões. O projeto executivo ficará pronto em seis meses, depois, será submetido à avaliação da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Após estas etapas, o Centro será equipado para funcionamento. 

De acordo com a coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica da Ufba (NIT),  que também coordena o projeto, Cristina Maria Quintella, no Brasil, a maioria dos campos maduros de petróleo está localizado nas bacias do Recôncavo. No nordeste, em particular na Bahia, todos os campos da Bacia do Recôncavo são maduros, o que justifica a construção do Centro no estado. “O Centro também irá contribuir com grandes e pequenas empresas que necessitam desse tipo de serviço, mas não têm condições de comprar equipamentos que custam entre R$ 200 a R$ 500 mil, além de atender a alunos de pós graduação e toda a atividade de pesquisa e extensão da Ufba”, explica Quintella.

O empreendimento pretende ser o principal instrumento de atração de pesquisa de ponta para o estado. Ainda será abrigado um consórcio de incubadoras e empresas de base tecnológica na Bahia e representará também um centro de convergência do sistema estadual de inovação no estado, nas esferas pública, acadêmica e empresarial. 

Para o geólogo e ex-gerente da Unidade de Exploração e Produção da Petrobras, Antonio Rivas, o objetivo do Centro é atrair empresas de tecnologia que desenvolvam pesquisas e também incubar novas, para a produção de equipamentos, bens e serviços com alto valor agregado. “Há interesse do Estado em incentivar o desenvolvimento de tecnologias aplicadas à melhoria de recuperação do petróleo existente nestes campos, daí surge o convite para a Petrobras participar do projeto através de aporte financeiro, que permitirá construir laboratórios especializados, a serem operados pelos pesquisadores da Ufba e de outras instituições de ensino superior com pesquisas nesta área”, explica Rivas. Atualmente, os estudos sobre energias limpas, renováveis, bioenergia, biocombustíveis e áreas correlatas são temas de 56 grupos de pesquisa na Bahia que contam com 321 doutores e 119 mestres.

Recuperação de campos maduros

Os campos de petróleo que são definidos como maduros são aqueles cujo pico de produção já foi alcançado. Dessa forma, tais campos já se encontram na fase do declínio da produção, ou seja, a produção será cada vez menor, até que atinja uma vazão que não mais justifique a operação econômica do campo. 

De acordo com o geólogo e ex-gerente da Unidade de Exploração e Produção da Petrobras, Antonio Rivas, na Bahia, existem cerca de 100 campos de produção de petróleo e gás, incluindo o mais antigo do Brasil em atividade, o Campo de Candeias, que completou 71 anos em dezembro do ano passado. “A recuperação de campos maduros significa exatamente a aplicação de técnicas - existentes e a serem desenvolvidas - que permitam a extensão deste período, após o pico de produção ter sido alcançado, o que aumenta o fator de recuperação e, portanto, permite recuperar um maior volume de petróleo existente, melhorando, consequentemente, o aproveitamento das reservas e o resultado econômico dos campos”, completa. 

A vida econômica de um campo de petróleo é longa e a boa prática indica a utilização de tecnologias aplicadas para que um maior volume do líquido seja recuperado. “Naturalmente, sempre considerando as premissas de resultado econômico, as quais têm sido favoráveis, na medida em que o preço do barril tem oscilado em torno dos 110 a 115 dólares, suportando investimentos consideráveis na revitalização de campos maduros, o que traz benefícios para toda cadeia produtiva e para a sociedade”, esclarece Rivas.

Águas profundas - Desde julho de 2012 atuando como assessor especial da Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia (Seplan), Antonio Rivas não vê conflito entre a iniciativa do Governo da Bahia com a criação do Centro Tecnológico e o foco da Petrobras em águas profundas, principal área de atuação da empresa brasileira. Segundo ele, a Petrobras mantém o interesse em continuar operando os campos maduros, haja vista o significativo volume de investimentos anuais na área de Exploração e Produção na Bahia, que tem registrado valores da ordem de 1,3 a 1,5 bilhões de reais, nos últimos anos. “Isso tem permitido a revitalização destes campos, com identificação de novas oportunidades e implantação de vários projetos de recuperação secundária, de reexploração de novos blocos e reservatórios em campos maduros”, justifica.

Campo mais antigo do Brasil volta a jorrar petróleo 

Na Bahia, foi descoberto o primeiro campo de petróleo do Brasil em 1939 no bairro do Lobato, em Salvador. O poço se encontra desativado desde o final da década de 1980. Tal pioneirismo rendeu ao estado a sede da segunda maior refinaria do País: Landulfo Alves e do maior complexo integrado petroquímico do Hemisfério Sul, localizado no município de Camaçari. 

Mas o mais maduro dos campos voltou a jorrar o mesmo líquido negro que pôs em xeque a credibilidade dos engenheiros americanos que vieram ao País no final da década de 1930 e atestaram que em nossas terras não havia petróleo.

Em janeiro deste ano, durante uma obra de ampliação da casa onde mora Tereza Barbosa, 57 anos, o pedreiro Edvaldo Silva, 24 anos, descobriu um poço de petróleo depois de perfurar uma tubulação que estava embaixo da terra.

Após entrar em contato com ANP veio a frustração de Tereza: engenheiros da Agência estiveram no terreno e confirmam a presença de petróleo, mas a única coisa que será feita no local é a contenção do vazamento, já que poço é considerado  antieconômico e não desperta interesses comerciais, não existindo nenhuma possibilidade de produção.

Momentos de euforia em épocas distintas: Getúlio Vargas (1950) dona Tereza (2013) Fotos - arquivo Petrobras e Romildo de Jesus
Localizado no subúrbio ferroviário, o bairro do Lobato é um bairro pobre. Ruas sem asfalto, casas faltando reboco e lixo espalhado evidenciam a ausência do poder público no local, que no passado recebeu o então presidente Getúlio Vargas para ver de perto o jato do “ouro negro” e dar início a campanha “O petróleo é nosso” no País. Hoje, onde funcionava o antigo poço foi construída uma praça e um monumento que indica o marco histórico do petróleo no país.