Centro
terá cinco andares com 15 laboratórios, cinco núcleos e mais de 15 grupos de pesquisa
Até a entrega da segunda parte do Parque Tecnológico da Bahia - prevista para dezembro de 2014 - muitos empreendimentos ainda devem chegar ao local. Um dos maiores é o Centro de Tecnologia em Energia e Campos Maduros, parceria entre a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Petrobras. O Centro irá ocupar uma área de 5,8 mil metros quadrados onde será construído um prédio com cinco andares. Na área, estarão distribuídos 15 laboratórios para atender a cinco núcleos e mais de 15 grupos de pesquisa.
Nas futuras instalações do Centro estão previstos os Núcleos de Recuperação Especial de Petróleo (Nuresp), de Ensaios Orgânicos e Inorgânicos (Neoi), de Simulação, de Facilidades Administrativas e de Metrologia (com a participação do Instituto Baiano de Metrologia e Qualidade - Ibametro) e um Núcleo de Simulação, além de dois laboratórios de preparação de amostra petrofísica.
A obra está sendo executada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti) e tem orçamento de R$ 25 milhões. O projeto executivo ficará pronto em seis meses, depois, será submetido à avaliação da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Após estas etapas, o Centro será equipado para funcionamento.
De acordo com a coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica da Ufba (NIT), que também coordena o projeto, Cristina Maria Quintella, no Brasil, a maioria dos campos maduros de petróleo está localizado nas bacias do Recôncavo. No nordeste, em particular na Bahia, todos os campos da Bacia do Recôncavo são maduros, o que justifica a construção do Centro no estado. “O Centro também irá contribuir com grandes e pequenas empresas que necessitam desse tipo de serviço, mas não têm condições de comprar equipamentos que custam entre R$ 200 a R$ 500 mil, além de atender a alunos de pós graduação e toda a atividade de pesquisa e extensão da Ufba”, explica Quintella.
O empreendimento pretende ser o principal instrumento de atração de pesquisa de ponta para o estado. Ainda será abrigado um consórcio de incubadoras e empresas de base tecnológica na Bahia e representará também um centro de convergência do sistema estadual de inovação no estado, nas esferas pública, acadêmica e empresarial.
Para o geólogo e ex-gerente da Unidade de Exploração e Produção da Petrobras, Antonio Rivas, o objetivo do Centro é atrair empresas de tecnologia que desenvolvam pesquisas e também incubar novas, para a produção de equipamentos, bens e serviços com alto valor agregado. “Há interesse do Estado em incentivar o desenvolvimento de tecnologias aplicadas à melhoria de recuperação do petróleo existente nestes campos, daí surge o convite para a Petrobras participar do projeto através de aporte financeiro, que permitirá construir laboratórios especializados, a serem operados pelos pesquisadores da Ufba e de outras instituições de ensino superior com pesquisas nesta área”, explica Rivas. Atualmente, os estudos sobre energias limpas, renováveis, bioenergia, biocombustíveis e áreas correlatas são temas de 56 grupos de pesquisa na Bahia que contam com 321 doutores e 119 mestres.
Recuperação de campos maduros
Os campos de petróleo que são definidos como maduros são aqueles cujo pico de produção já foi alcançado. Dessa forma, tais campos já se encontram na fase do declínio da produção, ou seja, a produção será cada vez menor, até que atinja uma vazão que não mais justifique a operação econômica do campo.
De acordo com o geólogo e ex-gerente da Unidade de Exploração e Produção da Petrobras, Antonio Rivas, na Bahia, existem cerca de 100 campos de produção de petróleo e gás, incluindo o mais antigo do Brasil em atividade, o Campo de Candeias, que completou 71 anos em dezembro do ano passado. “A recuperação de campos maduros significa exatamente a aplicação de técnicas - existentes e a serem desenvolvidas - que permitam a extensão deste período, após o pico de produção ter sido alcançado, o que aumenta o fator de recuperação e, portanto, permite recuperar um maior volume de petróleo existente, melhorando, consequentemente, o aproveitamento das reservas e o resultado econômico dos campos”, completa.
A vida econômica de um campo de petróleo é longa e a boa prática indica a utilização de tecnologias aplicadas para que um maior volume do líquido seja recuperado. “Naturalmente, sempre considerando as premissas de resultado econômico, as quais têm sido favoráveis, na medida em que o preço do barril tem oscilado em torno dos 110 a 115 dólares, suportando investimentos consideráveis na revitalização de campos maduros, o que traz benefícios para toda cadeia produtiva e para a sociedade”, esclarece Rivas.
Águas profundas - Desde julho de 2012 atuando como assessor especial da Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia (Seplan), Antonio Rivas não vê conflito entre a iniciativa do Governo da Bahia com a criação do Centro Tecnológico e o foco da Petrobras em águas profundas, principal área de atuação da empresa brasileira. Segundo ele, a Petrobras mantém o interesse em continuar operando os campos maduros, haja vista o significativo volume de investimentos anuais na área de Exploração e Produção na Bahia, que tem registrado valores da ordem de 1,3 a 1,5 bilhões de reais, nos últimos anos. “Isso tem permitido a revitalização destes campos, com identificação de novas oportunidades e implantação de vários projetos de recuperação secundária, de reexploração de novos blocos e reservatórios em campos maduros”, justifica.
Campo mais antigo do Brasil volta a jorrar petróleo
Na Bahia, foi descoberto o primeiro campo de petróleo do Brasil em 1939 no bairro do Lobato, em Salvador. O poço se encontra desativado desde o final da década de 1980. Tal pioneirismo rendeu ao estado a sede da segunda maior refinaria do País: Landulfo Alves e do maior complexo integrado petroquímico do Hemisfério Sul, localizado no município de Camaçari.
Mas o mais maduro dos campos voltou a jorrar o mesmo líquido negro que pôs em xeque a credibilidade dos engenheiros americanos que vieram ao País no final da década de 1930 e atestaram que em nossas terras não havia petróleo.
Em janeiro deste ano, durante uma obra de ampliação da casa onde mora Tereza Barbosa, 57 anos, o pedreiro Edvaldo Silva, 24 anos, descobriu um poço de petróleo depois de perfurar uma tubulação que estava embaixo da terra.
Após entrar em contato com ANP veio a frustração de Tereza: engenheiros da Agência estiveram no terreno e confirmam a presença de petróleo, mas a única coisa que será feita no local é a contenção do vazamento, já que poço é considerado antieconômico e não desperta interesses comerciais, não existindo nenhuma possibilidade de produção.
Momentos de euforia em épocas distintas: Getúlio Vargas (1950) dona Tereza (2013) Fotos - arquivo Petrobras e Romildo de Jesus |
Localizado no subúrbio ferroviário, o bairro do Lobato é um bairro pobre. Ruas sem asfalto, casas faltando reboco e lixo espalhado evidenciam a ausência do poder público no local, que no passado recebeu o então presidente Getúlio Vargas para ver de perto o jato do “ouro negro” e dar início a campanha “O petróleo é nosso” no País. Hoje, onde funcionava o antigo poço foi construída uma praça e um monumento que indica o marco histórico do petróleo no país.
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