Wagner Ferreira
Exercer a profissão de jornalista não é coisa fácil em nenhum lugar do mundo, na Bahia que o diga. Esta área de atuação cada vez mais concorrida não é remunerada da forma devida, dando espaço para empresas que necessitam dos serviços das Assessorias de Imprensa a suprirem esta lacuna.
É fato que a grande maioria dos jornalistas recém formados não encontrará vagas dentro dos grandes veículos de imprensa existentes no estado, seja ele de Rádio, TV, Impresso, ou On-line. Este último, ao mesmo tempo em que abre espaço para o jornalismo participativo amador, com o advento das novas tecnologias digitais que permitem a interação com o leitor, abre também o leque de atuação para jornalistas profissionais, já que o Jornalismo On-Line ameaça extinguir o Impresso.
Voltando às Assessorias de Imprensa, principais responsáveis pelo volume de vagas para os profissionais de Jornalismos e áreas afins da Comunicação, elas têm uma importância de mercado tão grande que nos últimos anos vêm influenciando a construção das grades dos cursos de Jornalismo.
Em Salvador, na Faculdade da Cidade, por exemplo, na concepção das disciplinas do curso de Jornalismo é notório seu direcionamento para formar não o Jornalista redator, o qual possa sair da escola apto para lidar com notícias, fatos e informações diversas; emitir opiniões e discutir assuntos inerente à sociedade e seus acontecimentos, mas sim formar um assessor de imprensa nato o qual será absorvido rapidamente pelas inúmeras empresas de comunicação.
Disciplinas como Empreendedorismo, e a própria Assessoria de Imprensa, dão noções importantes de como ser um empreendedor, e não só empregado, bem como saber lidar com crises dentro da empresa e fazer para contorná-las, buscando amenizar ao máximo a imagem de seu assessorado.
Mas estes mesmos ensinamentos podem moldar a cabeça daqueles com menos discernimento, tornando confuso pra ele qual a missão da empresa para qual presta serviço. Valorizá-la e defendê-la é importante, afinal este é o ofício do jornalista naquele momento, mas se deve ter cuidado com o jargão “vestir a camisa”, pois ao invés da camisa, o assessor pode estar tatuando na própria pele princípios e interesses que contradizem seus valores éticos e morais, indo de encontro com sua própria história de vida.
O risco é grande, e pode de certa forma desvirtuar a mente dos menos preparados intelectualmente, levando-o a achar que o principal papel do jornalista não é o de ser a caixa de ressonância de uma sociedade heterogênea, constituída por inúmeros valores e interesses, mas o de ser “advogado do Diabo”, o qual irá defender uma causa nem sempre justa; a causa do patrão.
Não estou levantando a bandeira em prol da crucificação do assessor de imprensa, mas é sempre válido bater na tecla de que a atuação do jornalista é feita 24h por dia, como uma professora minha havia me dito em sala de aula. E aposto que a maioria dos professores de Jornalismo em suas aulas também, buscando assim atiçar o espírito da profissão dentro dos ainda confusos.
Sendo assim, entendo que o assessor de imprensa é só uma condição, e não um estado de espírito.
Só para reforçar, recentemente o jornalista e então assessor de imprensa, Josias Pires, que assessorava o deputado federal e candidato derrotado à prefeitura de Salvador, Walter Pinheiro, em palestra na Faculdade da Cidade, indagado por uma estudante sobre a dualidade imposta pela sua condição de assessor responde: “o assessor de imprensa não atua como um jornalista deve atuar, não cumpre corretamente as obrigações éticas impostas pela profissão, mas utiliza de técnicas para a construção das notícias atuando como assessor”.
É sabido que o jornalista, o qual por “síndrome de ética”, rejeite atuar como assessor de imprensa, morrerá de fome. Mas que este não se deixe inebriar pelos princípios de Taylor, ou pela “desinteligência emocional”, que se mal absorvida fará que este seja levado pela necessidade do mercado, e esqueça de seus princípios éticos, passando de um profissional respeitado dentro das redações a um defensor de executivos engravatados.
Leia mais: A COMUNICAÇÃO QUE FORTALECE AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS MAIS O TERCEIRO SETOR
6 comentários:
Acho que assessoria de imprensa é o grande approach do jornalista, que se vê encurralado em um mercado de trabalho totalmente ingrato. O fato da carga horária do jornalista ser de 5 horas deveria ser uma vantagem, mas acaba sendo um tiro no pé, pq ele tem que dar conta de todo um dia de trabalho em poucas horas e, como a maioria precisa ter mais de 2 empregos, a sobrecarga é grande. Diante desse cenário, a assessoria acaba sendo um grande lance, já que vc pode trabalhar com os releases sem precisar se deslocar, conciliando com as outras ocupações. E pra piorar (a lei de murphy, meu bem), em Salvador, os jornalistas formados geralmente não ganham nem o piso, ou seja, o que vier é lucro (Em terra de cego, quem tem um olho é rei). E tem toda a questão da ética, aptidão e blá blá blá... Egocentricamente falando, não tem nenhum profissional mais capacitado pra exercer o cargo de assessor de imprensa que o jornalista (na minha nada humilde opinião, o relações públicas é um profissional vago que sabe lidar com gente, mas não sabe produzir um texto com a mesma competência do jornalista... claro! espelho, espelho meu...).
Olá primo, parabéns pelo seu comentário você está certíssimo nas suas observações, essa é a realidade atual do mercado de trabalho eu como um simples profissional da comunicaçao tenho sentido na pele os efeitos dessa lamentável situação, agora só nos resta torcermos, lutarmos, para que seja mudado esse triste quadro que os profissionais da informação encontram no dia a dia, boa sorte pra você!!.
Walldo Silva
Radialista profissional DRT:5803
Um profissional de jornalismo não é uma máquina, mas sim um ser Humano.
Infelizmente o patrão não vê assim, pra ele o que o jornalista é visto como uma máquina que executa o trabalho de modo a que dê mais lucratividade à empresa.
Esquecendo-se de que esse ser Humano que é o jornalista, estudou, e quer pôr em prática o que aprendeu.
O jornalista também tem sentimentos, pensamentos, familia e muitas vezes não é compensado remuneradamente o suficiente.
Os jornalistas têm de se juntar e unidos vencerão a batalha.
Eu sou arquitecta mas estou solidária para com a classe jornalistica.
FORÇA...
PORTUGAL, Algarve
19 de Novembro, 14h41m
VÂNIA SILVA
OI SEU BLOG ESTÁ MASSA!!!!
PARABÉNS, GOSTO DESTES ASSUNTOS ATUAIS E DIVERSOS!!!!
BJOKAS, DE SUA AMIGA BLOGUEIRA MANUPINK
WWW.MAANUPINK.BLOGSPOT.COM/
Em primeiro lugar devo felicitá-lo por suas amizades... Depois dizer-lhe que sua matéria é muito interessante e actual, pena não haverem mais jornalistas pensando como você, eu sou engenheiro na área da contrução e por vezes também exerço funções que não me dizem respeito, mas efim o trab está dificil...
Devo dizer-lhe que estou no principio de um jantar pago por uma arquitecta fantástica que nos deu a conhecer a sua arte, parabéns. Força
Francisco
portugal, sintra
26 de novembro de 2008
Fala Primão... O seu Blog está nota 10000 !!!
Bom ... Não entendo muito dessa mas de qualquer forma não poderia deixar de comentar sobre este tópico.
Sou da area de Cadeia de Suprimentos, mais sabemos que a principal atividade de um Jornalista consiste lidar com noticia, sobre dados FACTUAIS de divulgação e informação. O que Podemos perceber é o atual descaso e abandono no setor de comunicação. Estamos acostumados com emissoras de televisão conceituada no meio, sendo banalizadas com programas de informações fúteis sem qualquer valor agregado, impactando diretamente em nosso convívio social. Muito dessas ações se deve importância que nos damos diariamente, assistindo amadores sem qualquer base cultural disseminando informações incoerentes com alta relevância para o nosso convivi-o.
Ai vale a reflexão... necessidade de mercado ????? Devemos sim ser críticos culturais !!!!
Abraços
Ivison Távora
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