02 março, 2022

A GUERRA NA UCRÂNIA E OS CORRESPONDENTES DA GLOBO

Por Wagner Ferreira

Tenho acompanhado diariamente a cobertura da Guerra na Ucrânia pelas principais TVs brasileiras. Pulo de um canal para outro assim que entram os comerciais, ou é noticiado outro assunto. Talvez poucos telespectadores tenham notado a ausência de um repórter da Rede Globo na Ucrânia durante a crise com a Russia. 

Seus correspondentes entram nos telejornais direto de Nova Iorque, Londres, Bruxelas, entre outras praças seguras, mas não aparecem onde está acontecendo a notícia; no olho do furacão. 

Já as concorrentes da Vênus Prateada, mantêm ao menos um repórter no país do Leste europeu. À medida em que o conflito se aproxima de Kiev, onde estão hospedados a maioria dos correspondentes da imprensa mundial, algumas TVs retiram seus jornalistas, que já aproveitam a carona com os refugiados até os países dispostos a recebê-los e produzem material jornalístico mostrando o drama dessa gente em fuga dos horrores do conflito. 

O esforço da Globo foi tirar o jornalista Rodrigo Carvalho do conforto do Escritório da emissora em Londres para acompanhar a chegada dos ucranianos na fronteira da Polônia, e ali ele ficou. 

O que se é reproduzido do conflito, oriundo de fonte fidedigna nos telejornais da Globo, são as matérias produzidas pelo jornalista independente Gabriel Chaim, que está em Kiev e de lá envia material para a TV carioca não ficar dependente somente de vídeos viralizados na internet, tampouco de matéria de agências estrangeiras.

Alguns correspondentes brasileiros ainda permanecem em solo ucraniano, outros já saíram seguindo com os refugiados do país, mas cumpriram sua missão estando no fronte em meio ao fogo cruzado;  

Bandeirante - Ian Boechat

CNN - Mathias Brotero

Record - Leandro Stoliar, André Tal e o experiente Roberto Cabrini (especial), que foi para a Ucrânia após o início do conflito.

SBT - Sérgio Utsch

Corte de custos, medo de pagar indenizações, ou somente conveniência, sabe-se lá qual o real motivo para que, a ainda principal emissora de TV da América Latina faça uma cobertura meia boca de um acontecimento tão importante. 


08 maio, 2021

INEXISTENCIAL

Alma versus consciência: cientologia. Altos e baixos, idas e vindas. Se existir já é uma crise constante, o que é deixar de ser? Simplesmente o  baixar das cortinas ao final do espetáculo da vida? O começo do nada; o escuro eterno sem lembranças da luz. A agonia de dormir sem saber se algum dia irá acordar.


                                       O Crepúsculo (Foto: Wagner Ferreira)

20 junho, 2020

QUEM MUITO QUER NADA TEM

Lojistas de shoppings da Bahia lamentam prejuízos após mais de 3 meses fechados por conta da pandemia de covid-19

Quando já tinham uma receita confortável em relação aos demais seguimentos do comércio, os donos de shoppings centers de Salvador se organizaram para criar uma nova fonte de cobrança ao explorarem seus estacionamentos. 

Boa parte dos shoppings do Brasil já cobrava, mesmo que ainda o cliente comprovasse o consumo em alguma de suas lojas. Os valores variavam entre R$ 5 e 15. 

Entre um dos maiores opositores da medida, estava o então prefeito de Salvador João Henrique (2005 - 2013). Desde deputado estadual, ele já se posicionava contra a cobrança, aliás, a defesa do consumidor foi uma das suas bandeiras e o ajudou a eleger-se em seus mandatos. Combativo como parlamentar, e um desastre na gestão da capital baiana, faça-se justiça, Henrique perdeu a batalha para os empresários dos shoppings.


Com a pandemia por covid-19, estabelecimentos comerciais não essenciais foram forçados a fechar as portas e como era de se esperar, também os shoppings. Lojistas, que não eram a favor da cobrança por entenderem que isso afastaria aqueles clientes sazonais, ou que só iriam ao local “dar uma voltinha” e acabavam gastando lá dentro, hoje provam um remédio ainda mais amargo com mais de 90 dias sem poder abrir suas lojas, isso sem deixar de pagar ISS à Prefeitura de Salvador e ICMS ao Governo do Estado. 
Segundo lideranças lojistas, por incrível que pareça, o único apoio vem do Governo Federal.

Donos de shoppings que viram em seus amplos estacionamentos “um extra”, sob a desculpa que faltavam vagas para os verdadeiros clientes, agora não têm nem o principal. Uma vez que as medidas restritivas se estendem, lojas com menor aporte financeiro fecham as portas e, consequentemente, o condomínio comercial perde mais um “inquilino”. Agora, nem aluguel tampouco cobrança de estacionamento. Será que na retomada dos serviços e a esperança de mudança de hábitos da população os todo-poderosos empresários de shoppings aprenderão a lição?

19 setembro, 2019

A PONTE DA AMIZADE

Todos os textos que li, até agora, só abordam o viés financeiro da Ponte Salvador-Itaparica. Preocupa-se com a mobilidade de quem mora na Ilha e trabalha em Salvador e vice-versa, mas não se observa o impacto ambiental e social na Baía de Todos os Santos, o desmatamento do que sobrou da Mata Atlântica do outro lado quando a especulação imobiliária tomar conta de tudo na terra de João Ubaldo Ribeiro levando com ela o turismo predatório. Os mais ricos passarão a morar lá e trabalhar aqui, pagando somente o pedágio da ponte, ou seja, se Itaparica e "ilhas vizinhas" já estão degradadas com a dificuldade de acesso, insegurança, e custo alto da travessia, com o acesso fácil só irá acelerar o desmatamento na região. 

Imóveis abandonados nos últimos 20 anos por veranistas após os "investimentos" dos governos baianos na Linha Verde, predando toda costa, de Jauá e Barra de Itariri, valerão uma fortuna. E o nativo, em algum momento, será cooptado pelos donos do capital com a intenção de construir um grande condomínio com praia privativa, ou um resort com pedalinho na lagoa. 


Será que é tão difícil observar por esse prisma? A divergência entre governo e prefeitura não se dá sobre impactos físicos, mas arrecadatórios, ou seja, quem ficará com o quê. Sempre foi assim e continuará sendo, até quando descobrirem que o dinheiro não se pode comer..


06 março, 2019

AUSÊNCIA


Se por algumas vezes se ausenta, sempre voltará mais forte. Sair de cena no momento exato é útil para fazer que o respeitem por discrição e se intimidem pelo desejo de outrem de vê-lo de volta.

Por muito visto, os seus dotes perdem o brilho; de tanto ver o vermelho da rosa, pensa mais na aparência do que na sua essência e no seu perfume. A imaginação domina a visão e o ouvido engana a mente.

É o momento de ausentar-se por um tempo e regressar, como a Fênix, que desaparece durante um tempo para fazer mistério e assim faz que a valorizem e a desejem mais, celebrando, assim, o seu regresso.

Texto extraído do livro A Arte da Sabedoria de Baltasar Gracián - (Editado) 

16 junho, 2018

O SORRISO DA ESPERANÇA



Quando você estiver desesperado, quando não ver mais soluções para os seus problemas e se sentir vencido pelos seus próprios erros, experimente contemplar o sorriso de uma criança. Nele, a esperança reina. 

Por mais desesperançoso que você esteja, basta que o olhar sincero daquele serumaninho recaia sobre ti e um sorriso surgirá da forma mais sincera que alguém lhe possa expressar. 

Nesse instante, todos os seus problemas se apagam e aquele momento passa a ser a mais breve e libertadora eternidade. Experimente!






16 março, 2018

AS ESTRELAS TAMBÉM MORREM

Não precisa ser um bom observador para olhar para o céu e ver as estrelas sempre em suas mesmas posições, dia após dia. Umas mais brilhantes, outras menos, mas elas estão lá, sempre estarão no céu a brilhar. Na verdade, quase sempre. 

As estrelas, como nós, não são imortais. Assim como tudo que conhecemos, têm início e fim, só não vivemos o bastante para acompanhar esse ciclo. Talvez, nem tenhamos nascido ainda.. 

Explico: muitas das estrelas que *vemos no céu já morreram há milhares de anos, mas como seu brilho é tão forte e se propaga pelo espaço, leva todo esse tempo para sumir das nossas vistas. 




Só para lembrar, o nosso Sol é uma estrela, que também morrerá, por isso, em outro canto do universo, sua luz pode ainda não ter alcançado os olhos de outros observadores dos céus. Diante disso, para aqueles, ainda nem nascemos, pois a luz do nosso Sol pode ainda não ter se propagado o bastante para existirmos, como a luz das estrelas deles existem pra nós.  

E quando o nosso Sol apagar e deixarmos de existir, por ele ou por outro motivo, viveremos como vivem os detentores dos Sois avistados por nós, muitos já mortos, eternizados pelo brilho de suas estrelas. 

*Na verdade, se não fosse pela licença poética, o texto acima teria informações científicas fidedignas, mas as estrelas mortas que podemos ver ficam em galáxias distantes da Terra, a exemplo da Grande Nuvem de Magalhães – as da nossa galáxia já não brilham. Para ver a sua luz é preciso usar um telescópio.